Eu sabia da solidão
Sabia detalhes de um fundo de poço
Eu conhecia a escuridão
E nela achei consolo, sem esforço...
Eu sabia das muralhas que aprisionam a alma ( eu mesma construi as minhas )
Eu sabia como preservar a calma
Junto com as sobras da humanidade
Estava protegida sozinha...
Criei uma zona de conforto
Quando a razão fechou a porta do coração : não mais entraria desamor.
Vestida de frio, tinha apenas uma muda de felicidade morta
Para que o mundo não percebesse da alma, a frieza e a dor
Oh! Desatenta razão! Não cumpriu sua missão
Uma frestinha diminuta ficou aberta na porta do coração
Então, fez-se a luz na caverna da minha alma
Ceguei. Neguei. Perdi a calma!
Era tarde. Estava fora da minha zona de conforto...
Cadê minha escuridão? Onde está minha solidão?
A treva sucumbiu à luz
E lá estava você a me estender a mão
Facho de luz clareando meu espírito
Sol que pagou o preço do meu resgate com amor
Só então percebi:
Era refém de minha própria dor!
Aceitei então, tua mão, teu amor, tua luz...
Escuridão agora?
Só na iluminada negritude dos olhos teus... tão meus...
Aceitei enfim viver
Viver até morrer
E morrer de tanto viver...