ENTRE O DELTA E A ESPADA

ENTRE O DELTA E A ESPADA

Por que foi, que Deus criou a mulher
com seus versos alcalinos
e seu olhar profano?
Deu-lhe alma possuída de pecado e santidade – prostituto desejo de amar esmiuçando a carne e o ventre em rosa flor.
E tu, em adoração e ternura
na orgia exaspera a carnadura,
entregando-se à tortura de amar sem ter razão.
Entre o delta e a espada - a flor e suas pétalas - orvalho, manancial,
vertente de peixes nadando na imensidão do teu rio de infinitas mortes,
sem nunca saber quem é cativo de quem.



imagem: Roberto Ferri