GALEÃO DE AREIA Por Nadir D'Onofrio

GALEÃO DA AREIA

Do que valem teus mastaréus e gurupés,

as velas redondas e as velas bastardas,

se dando-se à praia , lá te fundeaste ?

Do que te vale perfeita quilha

se nunca sentiste a fúria

e o enlevo das marés ?

Nunca bordejaste e nunca foste adriçado!

Nada sabes do amargo das tormentas,

nem o doce de uma brisa !

Para que servem tuas amarras

se a procela que lá se levanta

não tocará sequer um palmo do teu velame ?

Do que valem teus remos sobre o convés

se a calmaria da areia não os importuna,

e assim agonizam ociosos , já outoniços ?

Mesmo , pois , sinta a viração noturna

a esquadrinhar teu casco seminu

e um farol em idílios a te chamar !!!

SBC-SP-José Alberto Lopes®

14/07/2006