Todo dia a menina
Na vitrine espiava
A boneca Clementina,
Mas seu dinheiro não dava.
Foram-se muitas semanas,
Continuava 'inda sem granas.
Que pena da Dona Tina:
Boneca ninguém comprava.
Todo dia a menina
Na vitrine espiava
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Ela, então, bem preocupada,
Quis ajudar Dona Tina
Com a boneca empacada.
E algo com ela combina:
Vou quebrar o meu cofrinho,
Que já está bem gorduchinho.
Se a soma for pequenada,
Dou-lhe; e deixo a Clementina.
Ela, então, bem preocupada,
Quis ajudar Dona Tina.
/////
Sei das contas pra pagar;
Sem dinheiro não tem jeito.
Meu desejo é ajudar
E aliviar a dor do peito
A boneca, por sinal,
Eu já tenho uma igual.
A questão não é comprar
Quero sim fazer direito.
Sei das contas pra pagar;
Sem dinheiro não tem jeito.
/////
Dona Tina, comovida,
Assim disse à menina:
Fique em paz, minha querida,
Tudo isso é rotina.
Vivo bem da pensão minha;
Não dependo da lojinha.
Leve esta, a mais vendida;
Ela é irmã da Clementina.
Dona Tina, comovida,
Assim disse à menina.
/////
A criança até chorou
Ao receber o presente.
Muito mais se emocionou
Com o nome dela, gente.
Chamam-na de Valentina,
Mesmo nome da menina!
Este causo alguém contou;
Que emoção a gente sente.
A criança até chorou
Ao receber o presente.
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EXPERIMENTAL:
Estilo Redonde;
CRIAÇÃO:
Poeta Francisco de Assis Góis.