Minha vida de peão,
é viver na solidão,
cavalgando solitário,
pelo estradão.
Com o berrante na mão,
toco bem alto,
para que o vento leve até seu coração,
meu pedido de perdão.
Com Nossa Senhora no coração.
faço minha oração,
para que me abençoe nesta cavalgada.
Olho para o horizonte, o sol está se pondo,
sinto o vento frio do inverno massagear meu rosto,
e percebo que é hora de parar.
Apeio do meu cavalo, tiro seus arreios, pego minha viola.
Sento junto à fogueira,
e começo a tocar...tocar!!!
Só o que expresso é angústia e saudades,
daquela garota trigueira.
Então paro, fecho meus olhos,
ouço à minha volta o barulho da noite tentando me consolar.
Deitado em cima de uma lona velha,
com a cabeça na sela,
olho para o céu iluminado pelas estrelas, caio no sono.
Com o murmurar dos pássaros,
desperto, agradecendo a Deus por mais um dia.
Então arreio o meu cavalo,
calço as minhas botas com as esporas, e sigo meu caminho.
No trotar do cavalo, meus
pensamentos vagos,
me fazem recordar daqueles lindos olhos verdes
Vou apressar o passo, estralo meu chicote,
cincho a espora no vazio do macho, saio a galope de longe avisto o vilarejo, toco meu berrante,
Vejo lá adiante uma janela se abrindo rapidamente, estendo minha mão,
agarrei-a em meus braços, um forte beijo lhe roubei.
Dois estrondos,
Com o peito manchado de sangue,
declarei naquele instante todo o meu amor.
Em meu último suspiro de vida,
pedi um beijo à moça que tanto amava.
Ela me segurou, chorando, me deu o beijo, sussurrou ao meu ouvido:
“Estou esperando uma nova vida em meu ventre”.
Mas já era tarde, nesse momento,
eu já tinha partido.