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É uma bola amarela,
um gélido solzinho.
Um vidro bem fininho encerra
uma álgida esfera cintilante
(há uma dureza inquietante
em sua fragilidade).
A vida -a realidade- cauta
se reflete e se disforma
nessa opala dourada e franzina,
nessa geométrica nudez. Talvez
exista em sua paisagem cristalina e fria
a amoralidade que revela
uma dúbia, enigmática harmonia:
cegas órfãs caiadas se imolam
em calvos anfractos da costa,
magos sírios em labirintos finais
abrem suas veias ao ouro do alquimista
-parece entretempo de imortais…
E não há como saber
se o mundo rude da verdade
é mais verdadeiro que o reflexo
nesse vidrinho amarelo e convexo.
Esse poema se encontra também o meu E-book intitulado: "Todos os Poemas" que pode ser baixado grátis na seção E-livros da minha escrivaninha.