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I
Dizem que as flores do planeta Marte
buscam no orvalho paz e lenimento:
-acalentam seu sonhos, vivem de arte
até que o fim lhes ceifa o sofrimento.
Assim sou eu, igual uma flor marciana
com suas pétalas sedentas de carinho:
-iludido por quem dizia que ama
na névoa e na poesia fiz o meu ninho.
Todavia sou criatura dessa terra,
onde não regam a tua lábia de fada
e ocas palavras que a tua boca encerra;
e o meu ego reforça mais sua malha:
-tua paixão que fraudou tanta jornada
desvelou ser um vão fogo de palha.
II
Todas morreram as flores da esplanada
na terra seca avarenta de emoção
e não bastou o querer de um coração
sem o respaldo da mulher amada.
Marte foi duro com o sentimento
de quem lavrou a gleba da cratera:
-logo desfez o tepor da primavera
com sua lufada de vermelho vento.
Das mortas flores um aroma exala
que até enternece esta árida plaga
ainda ignara da dor do ser humano.
Cheia de pó minha boca ora se cala
deixando solta a alma que já vaga
desconsolada sob o céu marciano.
Esse poema encontra-se também no meu E-book intitulado: "Todos os Poemas" que pode ser baixado grátis na seção E-livros da minha escrivaninha.