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Entre crateras e cinzas de cometa,
nem te alenta a vaga estrela-d’alva;
e nessa plaga assim tão seca e calva
alguém olha para ti, aqui, poeta?
-Espreitam-me as pedras, os seixos no chão!
São olhos já cegos, retinas secretas
de rochas partidas, gastas, discretas:-
entreguem ao tempo a tua solidão…
* * *
No vale mais baixo do findo planeta
a luz chega exausta, sem voz, ofegante;
o sol sempre altivo, embora distante:
quais raios te aquentam? Me conte, poeta…
-Me esquenta a ternura de estrelas menores!
São luzes humildes na espera que some,
irmãs na tristura que o pranto carcome:
apaguem tua mágoa n’areia sem cores…
* * *
E se o tolo, de seu tino um descarte,
até no vácuo algum prazer se inventa,
um poeta no degredo de Marte
como se cuida se em sua alma venta?
-No ar tão quedo, sem lágrimas a destilar,
no surdo espaço de cromo e de ouro
pressente um enterro sem eco de choro:
aos anjos confessa o seu medo de amar!
NOTA: Esse poema se encontra também no meu E-book intitulado: "Todos os Poemas" que pode ser baixado grátis na seção E-livros da minha escrivaninha.