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Em soalheira vesperal
as crianças de saquinhos puídos
são falange irracional
na calçada dos buraquinhos.
Álgebra rutilante, mil bolas
de vidro colorido e lesto
rolam pelo chão pressentidas,
e é grito, vitória, rancor ou protesto.
Mas eis que chega, pomposo, o atrevido:
-silêncio geral, é o senhor campeão!
Vai apanhar até se respira
quem lhe tira a concentração.
Mais uma vez ele é vencedor
e o rebanho maravilhado
(crepúsculo, entusiasmo e suor)
lhe tributa ovação repentina.
Choraminga um menino afastado
(foi-se sua última bolinha):
-dobra e guarda com inerte cuidado
o peito morto de seu saquinho.
Esse poema foi acrescentado ao meu E-book intitulado: "Todos os Poemas" que pode ser baixado grátis na seção E-livros da minha escrivaninha.