PERALTICE DE MENINO
Vou falar aqui um pouco
Dos tempos de meninice
Eu fiz tanta peraltice
Que só criança ou um louco
Desafiava as Leis
Que pra contar pra vocês
Eu sinto muita vergonha
E sem muita educação
Eu fiz cada danação
Que pai e mãe nem sonha
Lá em casa tinha um giral
Que era de guardar panela
Eu fui subir na janela
Pisando em cima do pau
A madeira se quebrou
E as panelas despencou
Igual milho se disbuia
Ficou só os cacos no chão
Que pra cozinhar o feijão
Teve que ser numa cuia
Corri pedindo socorro
Com medo de apanhar
Comecei a inventar
Minha mãe foi o cachorro!
O coitado não falava
No meu lugar apanhava
E meus irmãos com pena dele
Por a surra desmerecida
Pegaram minha comida
E deram todinha pra ele
Eu cortei uma cabaça
Pus em baixo do puleiro
Pras galinhas do terreiro
Misturei água e cachaça
E me fiz que era Doutor
Que um remédio inventou
Pra acabar com o gôgo
Coisa que menino apronta
Ficou as galinhas tonta
E o galo puxando fogo
Eu gostava de comer
Tudo que mamãe fazia
Por isso ela escondia
Que era pra eu não ver
Mas mesmo assim eu caçava
Por toda a casa procurava
Que vocês nem sabe o quanto
Comia o que pudesse
E quando não mais coubesse
Escondia em outro canto
Ainda me lembro um dia
Eu fingi que tava louco
Subi em cima de um toco
E fiz uma cantoria
Era pra ver se pai dava
Aquilo que eu mais sonhava
Que era ter um violão
Ele me deu uma enxada
E uma foice amolada
Que tinha mais precisão
Eu só ia num roçado
Pra fazer maquinação
Quebrava milho e feijão
E deixava tudo jogado
Eu tirava melancia
Muitas vezes não comia
Mas quebrava ela de soco
Eu cortava uma taboca
Que alcançasse na copa
Pra derrubar todo coco
Pior quando se juntava
Aquela turma de criança
Só para fazer vingança
A qualquer um que passava
O menino que não soubesse
E pro nosso lado viesse
Saía todo vermei
Subia e descia morro
Brigava igual cachorro
E o porquê eu não sei
Por aqui eu vou parar
Pois eu já disse bastante
Se falasse tudo de antes
Nunca ia terminar
Quem já foi do interior
Com certeza se alembrou
Das travessuras que fez
Coisa ruim e coisa à toa
Que só Deus mesmo perdoa
Tanto a mim, quanto a vocês.
Poesia matuta