Há uma fragrância específica
nas coisas acabadas.
Um aroma pesado,
Quase pútrido,
Cinza.
Há um quê de melancólico
No quarto desarrumado,
Sapatos abandonados,
Livros empoeirados.
A ausência é um paradoxo do sofrimento,
Sua presença é mais forte,
Permanente.
Não tem como fugirmos.
Depois que ela se aproxima,
suave,
quase imperceptível,
o tempo para de correr,
as águas param de marulhar,
o sol não consegue mais nascer.
A ausência é esse peso
que o coração precisa suportar
para se tornar mais rígido,
mais forte,
e um pouco inerte.