Eu queria te escrever um poema,
de rimas ricas onde o amor por tema,
na sutil forma métrica se ajustasse;
que fosse o arauto do esplendor da natureza,
qual mensageiro de celeste realeza,
e todo o bem do mundo retratasse...
Que a saudade se inserida, com certeza,
não fosse um canto de nostálgica tristeza
e nem a fúnebre revolta ressoasse;
mas ao contrário, em melodia harmoniosa,
qual sinfonia alvissareira, auspiciosa,
todo o esplendor da vida emoldurasse...
Que a amargura, essa eterna companheira,
fosse versada como a sombra passageira
e não marcasse com tamanha intensidade...
Que a tristeza de um imenso amor perdido,
soasse em notas de um cantar enternecido
e não vibrasse com as rimas da saudade...
Eu queria te escrever um poema,
de rimas ricas onde o amor por tema,
não me lembrasse a realidade desta dor...
Mas quem sou eu para fazer tal poesia,
se dentro d'alma desde o berço eu já trazia,
toda a amargura da saudade deste amor...