Eu não gosto das coisas pueris mais cantadas
do som e dos longos batuques ritmados
muito menos das foices grenás e dos machados
ceifando almas neste mundo civilizado
Eu não gosto do rio roto, fétido esgoto
que quente corre viscoso em minhas veias
e que cheio de lodo pomposo e maroto
como ondas sujas que vão morrendo nas areias
Eu sou o fel que no mundo vê assombrado
cabeças em buracos como avestruz
nas terras que acreditam que tudo é pecado
Onde se rezam por Jesus pregado na cruz
guerras em que crianças morrem nos braços das mães
e onde pessoas comem em lixões como urubus.