ALÉM DO PRIMEIRO TOMBO

Publicado por: Madalena Gomes
Data: 04/02/2018
Classificação de conteúdo: seguro

Créditos

Além do primeiro tombo - Vinicius Carvalho Áudio/Voz/Edição: Madalena Gomes Música: Instrumental (CD)
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Além do primeiro tombo

Quando o amor era uma rima nas revistas de quadrinhos, além dos enfeites que eu não via, das palavras que eu não entendia, havia um vácuo de coisas acontecendo…

Havia o olhar criança salteando lonjuras, desdobrando paisagens, arranhando a inocência no arame farpado das escolhas. -Nunca me contaram o segredo dos limites, nunca me deram a chave de quem eu era, pois tudo que havia eu precisei romper.

Eu vivia em total suspensão de ser, ali, eu vivia entre o som mudo das pessoas.

Eu era só uma criança e eu nada podia saber não me deram a faculdade dos argumentos- foi então que aprendi a recolher-me em silêncio, esperando o para sempre dos dias.

Nunca ouve um olhar que pudesse com os deles, eu ainda não conhecia a palavra- eu sempre fui o meio do caminho.

O meu segredo era um sussurro confuso…

Quem sabe pudessem me ouvir e assim eu conseguisse demonstrar a gravidade do dito.

Eu fui além do susto, eu fui à interdição das palavras, pois longe delas, eu estaria a salvo e de olhos lavados- eu só sabia aceitar.

Eu fui os olhos por cima das coisas e medo dentro da alma, medo de gente sem sono.

Mas, o menino cresceu, fez barulho e acordou o mundo.

O menino deixou o pensamento voar, descobriu que lá fora ele fica grande demais- solto no susto de viver. -Hoje, sou homem na medida certa do grão- Eu disse chega- pois me encaixo no jeito que sou e não existe régua que possa medir o meu tamanho. Não existe chão que eu não possa pisar nem transparência que me disfarce.

Eu nunca coube no formato, fui desviando a lágrima mesmo sentindo doer baixinho no início do sono- eu sonhava a vida para depois, eu queria mãos diferentes e as encontrei na serena lagoa da minha saudade.

Eu cresci, sou homem sou inteiro e os meus desejos estão hasteados.

Eu fui dor, mas hoje eu sou poesia, eu descobri o incomodo que é doer de silêncio.

O meu olhar palavra descobriu um descanso mais intimo um cômodo azul e nele, eu desafino.

Por toda a minha vida!

Vinicius carvalho
Enviado por Madalena Gomes em 04/02/2018
Código do texto: T6245137
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