Eu sou à poesia inacabada,
O livro que não foi escrito.
A solitária estrela no céu da madrugada.
O segredo que não foi dito.
Eu sou a triste ave sem moradia,
Um marinheiro perdido no imenso mar,
Do inverno a forte ventania,
O personagem que algum dia todos irão recordar.
Eu sou o desenho sem cor,
Quem sabe se de alguém sou a saudade,
Em manhã de primavera abandonada flor,
Sou talvez a lembrança duma felicidade.
Eu sou o brilho do luar,
Talvez seja a ave da solidão,
Eu sou a saudade que o tempo não pôde apagar...
Talvez, ainda na mente de alguém não passe de uma ilusão.*
Carlos Boscacci