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Os lírios do campo
Olhai...
Quando os freios rechinarem.
E, de veículos fugazes,
buzinas guincharem o arrepio da noite.
Olhai...
O sedutor coaxar dos sapos;
os vaga-lumes que para vós lucilam,
gratuitamente.
Olhai...
O tamborilar da chuva no telhado,
fustigando as vidraças do quarto
onde dorme a reticente virgem donzela.
Olhai...
Os relâmpagos clareando as incertezas.
E os trovões insolentes,
rasgando a seda filiforme do silêncio.
Escutai...
O ruído dos metais,
tinindo em razão da contenda corporal.
E o farfalhar do vento,
espantando vossos fantasmas.
Escutai...
O alvoroço das gralhas,
grasnando ao voarem, impertinentes,
anunciando o acasalamento.
Escutai...
O inconfundível tiritar do vosso coração,
fugindo do resignado sentimento:
o amor uiva ao som de árias barrocas.
Beberibe-CE, 19 de janeiro de 2015.
01h47min
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