Já vi tentarem fotografar o silencio.
Que forma dispendiosa de se operar a máquina da imaginação!
Como registrar esse momento milagroso se
Mesmo à beira dum pântano isolado,
Refletindo as fagulhas luminosas da noite escura,
Um coachar de sapo me saúda.
Já vi tentarem fotografar o silencio.
Que forma dispendiosa de se operar a máquina da imaginação!
Como registrar esse momento milagroso se
Até mesmo no vasto deserto,
Com suas montanhas intermitentes,
Seus altos e baixos de temperatura,
Um lagarto mira meus olhos, num ímpeto some.
Já vi tentarem fotografar o silencio.
Que forma dispendiosa de se operar a máquina da imaginação!
Como registrar esse momento milagroso se
Num dia chuvoso,
Eu sentado à beira de uma estradinha suja de barro,
O carro parado rente a cerca de arame,
Bermuda e chinelos,
Um jipe se aproxima ligeiro e
Molha-me o corpo por inteiro.
Já vi tentarem fotografar o silencio.
Que forma dispendiosa de se operar a máquina da imaginação!