MEU CAVALO BAIO
Quanta saudade sinto de ti, Baião!
Amigo gentil, confiável, comportado,
Reinavas humilde no meu coração.
Teu trote elegante, bem compassado,
Conduzia-me ao paraíso, com emoção.
Tua crina macia reluzia sob o astro-rei,
Valorizando teu lombo também dourado.
Cresci; ficaste velho...
Envelheci; morreste...
Nada pode interferir em nosso passado:
Não mudará o que comigo não viveste;
Não fará diferente o que vivi ao teu lado,
Mas levará, aos que lerem tua história,
A informação de que na terra habitaste,
E que vivo continuas na minha memória.
(O mais gratificante ... eram as cavalgadas pelos pastos verdes e planos, na sela de um cavalo baio, que papai reservou somente para nós, crianças. Manso, bem cuidado, elegante, inteligente, sensível, estava sempre perto da casa. Conversávamos com ele e tínhamos a nítida impressão que era um diálogo perfeito. Escovávamos seu pelo curto e sua calda abastada, com cuidado para não levar um coice. Às vezes comia na nossa mão e parecia agradecer.
No seu lombo, eu me sentia forte, poderosa, superior, em perfeita sintonia com a natureza. Baião me fazia conhecer, sentir e gostar da liberdade).
(Trecho de "Lembranças da Fazenda", de minha autoria)