ÁUDIO NO FINAL DO TEXTO
CUIDADO SANSÃO
Cuidado Sansão
Que Dalila lhe trai!
- Ô Sansãozinho bonitinho do meu coração.
Conta para Dalila, de onde sua força vem?
- Aqui... Ocê me adiscurpa docinho de limão,
Donde ta minha força num conto a ninguém!
Se não contar eu faço um drama,
E pra começar:
Fora da minha cama!
- Ah Dalila deixa estar
Ocê num me ama...
Eu doido pra casar
Ocê me joga na lama.
- Ô Sansãozinho, docinho de coco com jirimum.
Se me ama, conta pra Dalilinha o seu segredo?
- Ocê vai perdoar eu não conto de jeito nenhum,
Nunca vou contar que é na unha do meu dedo!
- Ah Sansão idiota
Encheu o rabo de vinho,
Dormiu mais cedo
Amarrei você bobinho,
No meu enredo
Cortei bem no toquinho
A unha do seu dedo.
- Pronto arrebentei as cordas, oh Dalila traidora.
Eu que pensei que ocê me amava muié marváda,
- Ô Sansãozinho perdoa sua amante encantadora,
Só estava tentando saber se eu era mesmo amada.
Fala a verdade meu fortão
Como você fica fraco?
Conta para sua gostosa,
-Ô Dalila ocê enche o saco,
Eta muié tinhosa!
Tripa meio seca me amarrou viro um caco!
Êta vaca filisteia, cachorra, vadia, muié bandida!
Pensou que ia falar a verdade, deixar ocê me ferrar?
Ô Sansãozinho perdoa essa sua Dalilinha tão fingida.
É que eu quero saber o quanto você pode me amar.
Conta Sansão,
Como pode ser derrotado?
Conta meu gostosão
Meu bife mal passado.
- Êta danação!
Corda nova amarrou to lascado!
- Sansão, filho de um jumento com vaca marinha.
Você mentiu outra vez, meu amante insensível!-
Vai conta tudo, fala no ouvido da sua Dalilinha,
O que lhe dá essa força, que o faz tão invencível?
- Está certo vou contar,
Ô desmazelo!
Quem quiser me derrotar,
É só cortar o meu cabelo!
De manhã ao acordar o pesadelo!
Amarrado, ele ouviu de Dalila a gargalhada,
-Força idiota, agora você é um mero ratinho!
Guardas, batam, cubram Sansão de pancada!
Socos, pontapés, furem os olhos devagarzinho.
O herói acabado, a prisão!
O ocaso do derrotado...
Mas sob a máscara da punição,
Esquecido cresce enrolado, o perdão.
Tempo de colheita de regozijo, tempo de festejar,
- tragam o prisioneiro, vamos zombar de Sansão.
Correntes nos pulsos e nas pilastras pra segurar!
Um grito, um terremoto, o fim com a destruição.
- Foge Dalila leve o pote
Cheio de prata;
E tudo o que ela comprou,
Vá Dalila tente a sorte;
Ele não mata,
A quem tanto amou.
Pedras que caem, gente que corre sem direção.
O medo da morte, a morte que chega e o terror.
Um grito de Dalila, a voz que implora proteção,
Morre junto ao herói, que morreu por seu amor.
FIM
Trovador
Setembro de 2006