Eu cheguei a ver os riachos de águas claras e mansas,
E avistei pelas distâncias os prados nessas minhas andanças.
Eu cheguei a contemplar os horizontes coloridos pelo ocaso,
E respirei ares puros e saudáveis que hoje vêm com acentuado o atraso
Eu cheguei a abrir portas já cerradas por longo tempo,
E absorvi essas horas deliciosas que me tolheram o pensamento.
Eu cheguei a ver quedas d’águas naturais refletindo ao sol,
E a ouvir pássaros de infindáveis variedades no arrebol.
Eu cheguei a ver a foz formosa se estrangulando no cimento,
E por isso desejei ter comigo esse memorável momento.
Eu cheguei a ver a locomotiva e num de seus vagões me fiz passageiro,
Num tempo pueril e rápido que a memória registra, mas não guarda por inteiro.
Eu cheguei a ver a inocência e a pureza no sorriso de cada criança,
Que veio, imperioso, colocar no seio dos adultos um vago, mas forte, toque de esperança.
Eu cheguei a ver um botão se transformar numa bonita e majestosa flor,
E o colorido e o perfume, pintou e aromatizou meus dias de dor.
Eu cheguei a ver muita coisa que hoje continua escassa,
E vi os homens se debatendo para consolidarem sua raça.
1.981