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Presságios
Nasce o domingo,
não mais um, indefinido.
É o domingo da fantasia.
No céu, um flamingo...
Altaneiro, asas cortantes.
Anuncia o bom tempo.
As horas voam, certeiras.
O relógio, entretanto,
parou às oito da matina.
Tiro uma pedra da algibeira.
Aponto e atiro, profeticamente.
Nas minhas mãos, cai o teu amor.
Derreteu-se a cera dos helenos.
Meu toque causou torpor.
Num suspiro, teu corpo ressuscita.
Perdeu-se a herança dos mecenas?
Não! Por Deus, não!
A arte não pode fenecer!
Nublado está o firmamento,
cheio de presságios, tenso.
Nas minhas mãos, o paraíso.
Depois da queda e do lamento,
respingos da arma não letal,
cultivarei o jardim do Éden.
Que o pecado germine;
e do pecado surja a descendência!
Ah, quanta fantasia da ilusão!
No horizonte, novos pássaros...
Tenho mais pedras, atiro?
Não! Para quê? Seria gula!
Do teu voo, darei os passos
– Os primeiros e os últimos,
buscando nossa redenção.
...
Às vezes,
o acaso nos leva a mundos inimagináveis.
Por que programar,
se a vida é um pássaro – ela voa e pousa,
sempre no mesmo lugar:
dentro de nós mesmos.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu, 12 de março de 2017.
09h01min
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