Envolve-me a escuridão fria e eterna
como úmidos e mortos braços gelados
a noite que chega sem ter-me avisado
terna é a morte que a noite governa.
É nesta caverna de paredes internas
pintadas de negro com o teto azulado
formam ideias de uma morada moderna
vista por tolos como um filme velado.
Velado por formas que a voz alterna
venero a noite com a luz da lanterna
e sussurro no vento ao ser segregado
e na vã tentativa de dizer o sagrado.
São todas angustias ao serem anulados
os meus passos neste deserto de areias
este cenário é de tragédia e beleza
com pés descalços sem sapatos e sem meias
e nas mãos eu carrego uma brasa acesa
sem nenhum perdão aos meus parcos pecados.
Estou quase rolando abaixo a ladeira
eu não matei nenhum sabia laranjeira
que saltitava alegre nas vastas planícies
no país inundado por normais imundícies
estão roubando até as nossas palmeiras.