Tropa da Morte
Marchando sobre a terra do inimigo,
Meus passos fazem ecos de trovão.
Adoto a solidão como castigo
Na guarda militar do pelotão.
A nuvem que aparece no horizonte,
No azul do céu passeia em liberdade.
Clareia a luz e a paz em minha fronte
Tão longe quanto as asas da saudade.
A noite é minha amiga companheira,
Estrelas mostram como eu sou pequeno.
Na chuva eu patrulhei a noite inteira,
No frio ou no calor estou ameno.
O amor por uma bela e doce jovem
É como o litoral do imenso mar:
São ondas separadas que se movem
Tentando o acolhimento conquistar.
Marchando sobre a terra do inimigo
Nós somos esqueletos que rastejam,
Vibrando bem no meio do perigo,
Por onde o fogo e a morte certa estejam.
É guerra no limite da vontade
E amor exagerado até morrer:
A vida oferecida à liberdade
E a morte escrita em sangue a quem sofrer.
Deixando-se levar pelo destino,
O vento leva o pássaro no céu.
O corpo vibra em prol do desatino
E a tropa marcha rumo ao mausoléu.
A lua o lobisomem avistou
E as bruxas invocaram tempestades.
A tropa do mistério a morte herdou
E mortos nós voltamos às verdades...
Marchando sobre a terra do inimigo,
A tropa nunca encontra sua sorte.
Sonhamos que no escuro de um abrigo
O sono é um passo lento para a morte!