Leitura de um poema no poente

Publicado por: Rosangela Aliberti
Data: 23/10/2007

Créditos

na voz da autora.

Leitura de um poema no poente

Não, não... fui eu quem ocasionou a morte
do poema com um de meus olhos...
aquele, o de sapo-fêmea
ao admirar o pouso albatroz do inseto
de pernas longas sobre a rocha.

Tenho duas pupilas e lentes ajustáveis
com finalidades estéticas
doentias e até mesmo esportivas.
Troco as lentes de contato
todos os dias com devida assepsia
sobre as córneas uma informação
pode ter o brilho da lata e o valor do ouro...

Aos que não são tão tolos
a raiz da questão estava na repetição contínua
dos aplausos cegos
das Adas... adoráveis formidáveis inigualáveis
nos entos e na repercussão dos (H)ades
ável... ável... avél...
a ave Maria se transformou em César
ao ler o escrito sendo que não fora necessário
nenhum artifício.
A tonalidade da pena é dura e dura...
tristeza bem pior 
que o calor da raiva junto a fria indiferença.

Não, não... fui eu quem assassinou o poema...
uma voz cometeu suicídio “ao lê-lo”
afogando-se no brejo das almas:
- Daí a Cesar o que é de César.

Rosangela_Aliberti
São Paulo, 23.X.07
Art by Tim Flach

 

 

Rosangela Aliberti
Enviado por Rosangela Aliberti em 23/10/2007
Reeditado em 28/10/2007
Código do texto: T706690