Quem és tu, minha poesia sombria?
"Sou aquela que te leva ao féretro frio;
Tua senhora, sou a rainha da morte!;
Imagem macabra em teu espelho sombrio
- Que eu quebro! - Sou teu azar mais cruel e forte;
Tristeza que leva tua eterna loucura,
Teu pesadelo sem veracidade pura,
Nos ombros, meu caro poeta sonhador...
És miserável! És meu carma, minha dor.
Há fel nas minhas lágrimas; no meu olhar
Sem vida, soturno e sem cor no meu ardor
Pungente, fazendo teu coração parar
A cada ferida e sangue do teu amor.
Milhares de vezes, com minha foice arcana
Retalho teu vil coração, como profana
Que tira de ti a vida e mata teu mundo!
Roubando até mesmo teu amor mais profundo.".
Com meus olhos mortos e lágrimas amargas
Minha face não tem mais vida - é ruína
Que se estende por planícies tristes e largas
Que, sem ação, minha alma não peregrina.
Descanso em teu seio pálido, poesia.
Cada verso teu afaga de forma fria;
Protege-me teu manto de turva beleza
No meu sarcófago gélido de tristeza.
Morto estou - teu soturno poeta da morte;
Um fúnebre artista do mais lúgubre sonho:
Ser a dor trágica de teu profundo corte
Que em versos no teu destino terrível ponho.