Às vezes paro na porta de mim e me assento a pensar:
_O que será que irei encontrar após descer os degraus?
Fico ali absorta com o sol quase no meu pé a me tocar,
E um vento lá adiante nas águas tocando aquelas naus.
Dou passos adentrando na varanda do meu pensamento,
Sinto que a brisa já vem tirando a poeira, dando conforto,
E um cheiro de mofo passa por mim em desprendimento.
Aquelas coisas de mim sem viés, aquele lance meio torto.
Um sopro do vento se amorna ao sol, respiro novos ares,
Permito-me mais um passo e sinto seiva de restauração,
Desço mais um degrau e já no quintal é aliviada a tensão.
É; às vezes paro na porta de mim; e sinto os meus olhares,
Deveria me jogar, sei que é exatamente disso que preciso,
Quando faço isso careço respirar, por dentro chove granizo.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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