E tão forte quanto a outra, surge a sociedade virtual,
Oceano que mostra pessoas surfando em ondas raras,
E estranhos seguem estranhos, como se fosse normal,
Frequentam-se, falam-se, moram-se sem ver as caras.
Pessoas próximas se distanciam e o parente bloqueia,
Andarilhos que se somem nas vielas do seu próprio ser,
Em um surreal fotográfico de pingos de água na areia,
Êxodo para um mundo enigmático sem ver o sol nascer.
Sem romper grilhões do cárcere da rotina, sem abraço,
Remando águas plácidas, de olho no furacão profundo,
Depositando sonho em uma caixa sem chão, falso fundo.
Entes queridos fragmentam-se nesse vício, despedaço,
Em uma rotatividade de sentimentos, tantas incertezas,
Troca-se real pão por críveis pitéus em oscilares mesas.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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