(Foto Luisa Campos)
Se as Estradas Falassem
Se as estradas me contassem em meio aos meus dedilhares,e sutilmente me confessasse onde se encontra o verdadeiro elixir do amar;
Se nas estradas minha mais nova morada me revelasse o que me move e o verbo mais cru do que é intensamente o buscar;
Se as estradas desavisadas de concreto pisado me dessem um atalho do caminho menos suado para estancar o meu só penar;
Se nas estradas as melodias mais singelas as tornassem menos austeras tão só com meu bradar;
Se as estradas enfadonhas aliadas,até em tom de deboche e sem cartas marcadas,externassem o curar do meu tanto andar;
Se nas estradas com as estrofes da saudade de casa,em burbúrios com alento mesclado aos meus mais variados lamentos pudessem em mim me reensinar a cantar;
Se as estradas de tantas moradas desavisadas de minha sorrateira passagem dedicada tornassem a minha viola em um sagrado morar,mesmo que me desprezasse daria sentido ao meu vagar;
Se nas estradas os calos de minhas andanças fossem curados,os ritmos de minha vida fossem reorganizados,eu cantava para ela em meio ao mais sórdido luar;
Se as estradas, ou nas estradas me falassem que o que move o ser é o que há de se achar,eu prefiro não encontrar,prefiro a viola na sacola,meia dúzia de aplausos a alimentar o meu inspirar,tão só assim me faço plena nas esquinas mais serenas onde eu possa em nota cantar,que o que me move é o que não se acha,pois, o que já achei há muito decidi abandonar.
Dedico esta poética à andarilha mais querida que jaz em meu coração Ana Maria Avelino