Doce era o calmo fluxo da vida que corria
Paraiso a acalentar a beleza em comunhão
Doce favo da abelha, doce era o que escorria
Do néctar das flores, mel, produto em extinção.
Doce era... o “de leite” e também o chocolate
Bem quentinho, nas montanhas, sob a névoa a emoldurar
O deleite do bom queijo, o de tantas variedades!
A guloseima preferida: o pão de queijo a assar!
Doce era toda a fruta da tão doce compoteira
Que da terra alvissareira florescia ao pomar...
Fogo a lenha na panela encorpando a calda inteira
Que da flor de laranjeira adoçava o paladar.
Doce era o chão tão doce... de alegria ladrilhada
Na biodiversidade premiada sob um céu
De estrelas aconchegadas numa noite enluarada
A mais doce e iluminada duma imensidão ao léu!
Doce era o Martin a espreitar o ágil peixe...
Pescador da natureza, discípulo em figuração!
Que pousava sobre galhos, cujos olhos eram a rede
A disparar nas águas em incrível precisão.
Doce era o perfume da doce terra adubada
Qual menina Mariana preparada em floração
Na mais tenra flor da vida, a mais doce das floradas!
De poder acreditar num futuro em brotação.
Doce era a festança, do arboreto ao passaredo!
Tudo o que se encenava pela terra a enfeitiçar
A poesia que ora jorra qual minério em rejeito
Lá a afogar a doce vida, tudo a se sepultar...
...Desde a inépcia malograda que fluia rio abaixo
Escondida num Universo que nem Deus sabe explicar!
Ao reverso da vertente do rio doce em desabafo,
Das suas águas condenadas nunca mais a respirar.
Doce era a Natureza escondida da verdade!
Dentre a doce ingenuidade de não querer acreditar
Que às águas do oceano ali corria a liberdade
Que liberta até a maldade de ser livre para matar.
Doce era o silêncio que cantava lá do vale
Reverência à Natureza , doce véu em prontidão
Um pedido à Realeza a salvar todo o “-resvale!”
Poesia em doce oráculo: mãe e filho em oração.
Doce era acreditar que sequer ninguém sabia!
Da tragédia que, um dia, correria para o mar
A maior de toda a vida, na amargura indivisa!
Que o doce do RIO DOCE poderia degustar...
Nota da autora: Poema em intenção à afloração da conscência social do tudo que afoga o nosso belíssimo Brasil.
Nenhuma tragédia é por acaso...e no caso, ela é de todos nós.