Eu busquei a dor
as varias formas do sofrer
as navalhas que cortam a carne
uma forma de viver.
Já desconheço o florir da primavera
o chilrear aveludado dos uirapurus
até nas sombras a momentos de prazer
purificando cada fragmento da m'alma
até restar apenas simples fio de luz.
Eu nada espero de cada momento
uma fração do infinito irreversível
e não poder ver o astro mais bonito
ou uma simples rosa em um jardim
não há maior sofrimento, a dor do coração
assim todo este tormento é o amor
que existe em mim.
Não há pesos postos sobre a pele que seca
onde o sal é vomitado pelas águas do mar
e para sempre a minha curvada figura peca
peca por pecados cometidos por amar
neste ar que as nuvens navegam mansas
nas lembranças do teu meigo olhar.
Sou toda angustia na forma de palavras
como a fome deste desejo crepuscular
indivisível indefinível e pleno
dilacerado pela dor deste imensurável amar.