Quem
ou
o que
diz que o poema se findou?
Poema é lágrima que escorre,
mancha o papel em branco,
consegue destruí-lo
num furo gráfico
e toca o chão,
incólume.
Poema não termina no ponto final
- que eu garanto ser
dispensável,
apesar de usar por
PROSAICO
que sou -,
pois cisma em
ir para a pele,
arrepiar cada pelo,
invadir as rasas narinas,
inundar os pulmões
e aquecer
o
CORAÇÃO.
Poema é música
que termina
e ainda ecoa na mente
- mas este gênero
possui a especialidade
de ecoar no peito
e, por tal razão,
é o mais perfeito
em sua
IMPERFEIÇÃO.
Poderia eu pôr
um ponto aqui e findar este
poema,
mas ainda há versos
se desprendendo de mim,
porque o poema
não acaba quando termina,
mas
se esgota
nas profundezas
das finitudes.
*Texto presente na 69ª edição da antologia poética da Editora Palavra é Arte, de Jardinópolis-SP; e selecionado para integrar a 5ª edição da revista (digital) de literatura Eels, do site Literatsi.