Saudade é um sentir de ontem
Que insiste em provocar
É uma citação post-mortem
Do que um dia foi o amar
A saudade fala dos sentidos
Aguçados pela própria essência
Fala daqueles beijos esquecidos
E de desencontros da adolescência
Reclama aquele cheiro de menina
De sabonete e de banho tomado
E cujo cabelo ainda sim, alucina
Deixando-se portanto atordoado
Ainda se é capaz de a voz ouvir
Mesmo que em um riso distante
São migalhas que teimam existir
De um amor antes abundante
Saudade que cobra o toque
Saudade de mãos vazias
Essa saudade sem retoque...
Ah essa saudade em primazia
Tem a intensidade de outrora
Como se nunca fora finito
E destarte ainda diz agora
Que não pode ser proscrito
Saudade é uma dor lá dentro
Que não se consegue evitar
Sobretudo quando o epicentro
É amor que não se pode negar