PORQUE O SANFONEIRO SÓ TOCAVA AQUILO!

CAUSO CABELUDO

A história é toda comprida,

dessas de dar apagão

nas mentes das gente aflita

que anda na vil contra-mão

Do tudo que foi prometido

por quem era fio do cão.

Quisera ser mais bom artista

para mode mió lhes contar

Quar cordel que a toda vista

dá corda para então alertar;

Que tem excelência egoísta

pensando só no dinheirão

E que faz o povo de isca

pra modi ficá no bem bão

da grana que sai do trabalho

Pra tudo que é só enganação!

Dinheiro suado das mãos

do sacrifício sagrado

Pra tanta calcinha sem furo

Que paga o amante arretado!

Que só fica em cima do muro

E ainda se faz de coitado.

Que solta discurso sofrido

Chorando pela sua sorte

de dantes, a ficá bem de oio

No tudo que era do pobre.

O pobre coitado só ouve

tendendo lhe acreditá

no conto da carrochinha

o que fez a Pátria apagá.

O povo precisa acordá

pros homê que chora o destino...

Se auto-proclamam coitado

pra mode escondê que é bandido.

De fala sempre tão mansinha

Só choram pra isso e pra aquilo

E os homê lhe encarceram no voto

Com lágrimas de crocodilo.

O causo é bem mais cabeludo

E já nos demora um tempão

Tem príncipe que era barbudo...

Mas era esperto sapão

Dos brejo desaguado de água

e de óleo do vil "petrolão"

Que fez do oceano só seca

A levar tudo só do povão;

Sertão que já era minado

cumpriu-se quar a profecia

Se esparramô qual capeta...

de bacias ...todas vazias.

Pobreza já é pra tudo canto

Abaixo dos tom dos politico

em meio as promessa, o pranto

A mãe chora a perda do fio;

Espaiô foi é a fome zerada

De milho e de arroz com feijão

E a Pátria que era de todos

Foi toda só da corrupção.

O povo que não era mais pobre

Montou suas tendas no chão...

E a classe média atacada

Só era a promessa em vão.

O circo já é só caristia

o pão nem si fala então!

Já sofre quarqué das famia

da farta do tudo que é bão.

E menino- home de enxada

Na infância de escravidão

Enfrenta tão cedo a batalha

pra modi?- uma migalha de pão!

furtado na vil cara dura

Por gente que não tem coração...

A menina- muié antecipa

O amor já nos barrigão...

Na estrada da sina mardita

Ao peito de pedra em plantação.

Os ancião maltratados

Por toda a maquinação

perdeu seu dinheiro plantado

Com a dor dum trabalho em vão...

O doente? morre sem atenção.

Eu podia ficar a vida toda

pensando, lhes explicá os mutivo

De tanta gente que a toa

preferiu ser mocinho- bandido;

Por causa de quê afinal?

Tarvez seja a sina dos maus

E mesmo os inocente...

Morremos untados no pré-sal.

As causas são bem cumplicadas

Parece tudo sem explicação

que brota das mãos das marvada

ação em degeneração;

Mas não há a verdade que cala

nem em prol de tanta alienação.

Pretendo já me ir embora

da inútil versejação

de causo que é causo assombrado

Que assusta até a assombração...

Cordel , eis meu verso ao vento

A balouçar na estação

Na corda que gira no tempo

Do tudo que não tem solução;

Cordel: seja mel ou tormento...

É poema lançado no vão

do tempo que passa correndo

sem tempo de ser nova Nação.