Tudo estava em tom castanho ninho abandonado, estranho
O trinado gorjeio dos passarinhos, canto brejeiro do canarinho
Foram-se. Atrás das velhas cores noutras terras, novos amores
Permaneço. O movimento do ar arrasta as folhas nesse vento
Minha vereda: arvores secas através do canteiro da alameda
Trilhas da vida sem rastro, a caça de um lastro sem medida
Ruas estão vazias, falta coragem para enfrentar a rajada fria
Recolho-me à leitura viajo num livro e enfrento a clausura
Por remédio chocolate quente por tédio DVD um envolvente
Vida e poesia, as rugas no calendário e as rimas no dicionário
Traçando o meu destino e no confessionário o meu desatino
Vem a chuva e molha a paisagem pondo fim à longa estiagem
Nesta paisagem inodora um novo sol ao despontar a aurora
A semente que brota a folha que volta esperança viravolta
O tímido ramo se agiganta, suporta o rebento que se adianta
O incógnito matiz remete ao campo dos sonhos mais sutis
A natureza em ato de sublime ardor expõe a beleza em flor
Em particular essa rosa entre as tantas por demais formosa
Que não vem só da terra, mas no sopro do céu que a encerra
Primazia das estações trazendo o espetáculo de pura paixão
E no carnaval da emoção um raio dourado leva meu coração
Sentado neste barco antes errante assume meu comandante
No justo rigor sinto-me discípulo obediente do Mestre amor
Assim o mais instigante é viver a verdade: amar é o bastante.
Copie e cole em seu navegador: Four Seasons (VIVALDI)
http://www.youtube.com/watch?v=GRxofEmo3HA