Não é justo que eu reclame
Que eu difame a forma e o conteúdo
E não me iludo, contudo, quando digo
Que ainda assim é perfeito o jeito
Como as coisas acontecem
Ora some, ora aparece
Ora o sono, ora a prece
Ora o couro come, ora a fome cresce
Ora faz-se grande o insignificante
Ora se apequena o todo
E o lodo escorrega o passo que dispersa o rumo
E qual é o rumo se mal pergunto?
Me responda bem
Santa lucidez...(!)
Não é raro quando declaro
Quando a voz arrasa em clareza
Quando a certeza não dá margem à dúvida
Que aquele mal fez bem, entenda
Que era luz e não penumbra
Quero a frente e o avesso
Quero o topo e o verso
Quando calmo entorpeço
A minha lucidez atordoante
Que se refaz com o bom senso
Intenso, repenso, mas não dispenso o rumo
E qual é o rumo se mal pergunto?
Me responda bem
Santa lucidez...(!)