O BAILE DO JACARÉ

Queria a cobra Marizé

Dançar como Salomé

No baile do jacaré

Ao descer a maré.

Mandou fazer um vestido de chita,

Essa cobra exibida,

Igual ao que viu na revista

Desenhado pelo estilista

Um velho pavão vaidoso.

E ficou tão horroroso,

Amarfanhado e volumoso,

O vestido que seria formoso

Se não fosse a fraca visão

Do costureiro corujão.

Marizé rolou pelo chão,

Até disse um palavrão.

Mas de nada adiantou,

Estragado o vestido ficou,

No alagado ela o jogou,

E para longe a maré o levou.

“Marizé, tu não necessitas,

De nenhum vestido de chita

Porque tu és tão bonita

Com essa pele cheia de pintas.”

Foi o que disse o chimpanzé,

Agarrando o cipó com o pé,

Para descer à beira da maré

Onde rolava o baile do jacaré.

21/12/05.