E cadê você?
Entre estrelas e lua?
Em que fase da Lua se esconde?
Em que canto do quarto se encolhe?
Em que quarto da morada se deixa empoeirar?
Em que morada da alma deixou minhas pegadas?
Cadê suas passadas pela vida, pelas ruas da amizade?
Meus olhos esquadrinham becos e ruelas,
Percorrem o sotão e o porão,
Rasgam o negro da noite,
Varam a neblina,
Fazem ponto na esquina,
Debruçam-se nos muros,
Deslizam nos vãos dos telhados,
Buscam seu nome nos jornais,
Conferem os outdors da cidade,
Procuram seu rosto por detrás dos versos,
Por trás dos nicks que surgem na minha tela,
Entre as notas das canções
No dial do rádio...
Cadê?
Sinto um punhado de grãos de areia
Escorrendo por entre meus dedos,
Sem baldinho de praia
Para os guardar...
Uma ampulheta que não consigo parar,
Aumentando meu vazio e meus medos.
Cadê você?
Já é tempo de desfazer nós
E recriar laços,
De apagar da mágoa os traços,
De colocar nossas almas juntinhas
Para um íntimo e doce conversar.
Venha!
Meu coração pulsa de saudade.
Já é tempo de voltar.