Naquela casinha tão terna
Que trago da minha infância...
Eu tinha as férias mais belas!
Em tempos de eterna criança.
Rangiam na estrada de ferro
Que então me levava até lá...
Momentos que eu considero,
Saudade boa de recordar.
Não era a tal da *“casa engraçada”
Pois tinha teto e o meu tudo!
Mil portas ...brilhantes vidraças...
Lá era o meu chão...o meu mundo!
Na refeição matutina...
Cozida no fogão a lenha,
Tão cedo era a mesma rotina,
Torradas com chá de alfazema.
Vovó,também era Maria e...
Sovava o pão sem bufar,
Mandava derramar a farinha...
Na massa eu me punha a brincar...
Os bolos eram só gostosura....
De milho, mandioca ou fubá,
De coco ou de chocolate
Prazer era se empanturrar!
Se o tempo ficava zangado,
Com sua aparência sisuda...
Vovó preparava o tacho,
Fritava bolinhos de chuva!
Acolá também tinha pato...
E não era aquele** “pato pateta”
Nadava num grande riacho...
Repleto de ágeis pererecas!
À tardinha descia à pracinha...
Pra saborear um sorvete,
A volta era pela padaria...
Comprava mais um doce de leite!
E quando o sol já se ia
Dormir num cantinho do céu...
Vovó...minha rede erguia...
Servia-me pãozinho de mel.
O trem apitava à noitinha...
Quando o sino soava na igreja,
Se rezava a Ave-Maria
Bons sonhos!-com toda certeza!
Minha “Bá” descia a cortina...
Do quarto que tinha paredes!
Contava sempre a mesma "estorinha"
E eu adormecia na rede.
Mas se a noite era de lua cheia...
A estória mudava de nome,
Não era a lenda da sereia...
A cena era do lobisomem...
A rua não era ***“dos bobos”...
Eu plantei só Ipês Amarelos...
A saber, que em verso futuro...
Rimariam com tudo que quero!
Hoje sei que aquela casinha...
Era o meu coração acolá!
Versejava toda a minha poesia,
Pois meus sonhos...todos cabiam lá!
Quando olho as fotografias...
Todo flash...a me iluminar...
Eu me vejo dentro daquela casinha,
Os meus sonhos?-todos ficaram por lá!
Nota: os asteriscos referem-se às músicas de Vinícius de Morais e Toquinho...A CASA , O PATO.