Pátria mãezinha
Diviso distante no teu poente
Num pedacinho azul do teu céu
Entre o chão e o céu reluzente
A esperança despida sem véu,
Pesa-me aos olhos a indiferença
Entre os teus filhos a má divisão
Minguam incrédulos na tua presença
Sem força, sem terra, sem pão.
Morrem sem deixar herança,
Nascem pra pisar o chão.
Olho para o sol no nascente
Que beija calidamente a aurora
Ilumina o chão onde pisa o decente
E caminha descalça a pobre senhora
Soa-me aos ouvidos o grito pedinte
Assaz me incomoda ao ver o ancião
Sem força clamando a todos os ouvintes
Esperando que alguém lhe estenda a mão
Desfalece diante da indiferença
Não esmola dinheiro, apenas o pão.
O que de fato a mim entristece agora
É saber ó pátria mãezinha minha,
Como és rica entre outras senhoras,
Do mundo tu eras para ser a rainha,
Quiçá não és da água, fauna e flora?
Como és do ferro, ouro e da prata,
Do campo teus frutos ninguém implora,
Esbanjas alimentos no seio da mata.
Em ti eu me apego na viva esperança,
Que o fim da injustiça terá dia e hora.
Mãezinha, eis o meu anseio em oração,
Ver os teus filhos todos contentes,
Fortes, felizes, abraçados como irmãos.
Meu profundo desejo celeste...
Que aja fartura de água e de pão.
Que a paz seja uma semente
Brotando até nos confins do agreste
E a justiça seja o maior emblema do teu brasão
Para que todo brasileiro de nascença
Tenha orgulho de ser filho desta nação.
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