Nossos corpos estão à deriva
entre os lençóis revoltos,
depois que a tempestade
fez do nosso leito
um oceano cansado de amar.
Não há mastros nem velas enfunadas
nem horizontes
nem paisagens
diluindo na névoa
do cigarro dividido.
Os nervos abrandados
gemem nas enxárcias
as sombras e a saudade
de um mar inexistente.
Em algum lugar há um porto
- nós sabemos -
onde iremos aportar uma outra vez
e de onde, uma outra vez,
nós partiremos...