Em breve serei
só cinzas e pó
que à terra não vou!
Que me leve o mar
ou subam no ar
cinzas do que sou
Que me lamba o fogo
que me purifique
que nada aqui fique
matéria impura...
No sal ou na altura
lá me acabarei
Por cá deixarei
na aragem que flúi
espectro do que fui
Invisíveis dedos
duma alma errante
desejos, segredos
De gotas-juízo
somente o bastante...
Laivos de ternura
paixões e degredos
pingos de loucura
nas noites sem siso
Dos versos que aliso
deixarei as letras
que pra uns são tretas
tempo diluído
perdido na senda
Pra alguns, serão prenda
legado querido
bordado de renda
No enlace do fogo
breve saberei
tudo o que não sei
do incógnito logo
31/07/2005
Carmo Vasconcelos