(um debate que vem desde a fundação dos tempos)

Homem:

- Sabe o que o homem deseja?

Mulher:

- Acho que o homem deseja

Uma mulher submissa

Enquanto ele cobiça

Todas as outras mulheres...

E também que ela seja

Fogosa e cheia de viço,

Dona de todo o feitiço,

Mas que se faça de morta,

Porque quando bem lhe importa

É melhor que nada diga;

Que seja esposa e amiga,

Dessas que a tudo suportam...

Homem:

- Mas isso talvez dependa

De hora, lugar, agenda,

Do clima da relação...

Pode não ser sempre assim

Ou talvez já seja o fim:

Um diz sim e o outro, não!

Homem:

- E a mulher, o que deseja?

Mulher:

- A mulher?... que o homem veja

Muito além do que ele avista:

Que enxergue nela uma artista,

Uma delicada deusa...

A mulher sempre deseja

Viver um lindo romance,

Que o homem nunca se canse

De demorados carinhos;

Que faça da cama um ninho

E da sua casa, um lar...

Homem:

- Mulher gosta de mandar:

“Tire o móvel do lugar!”

“Não, traga de volta pra cá.”

Depois: “Tô arrependida...”

Mulher:

- Talvez só queira atenção,

Que a trate como rainha

E no lugar da rapidinha,

Um leve toque de mão.

Mulher quer ser conduzida,

Prefere sessão corrida

Com quem jura que lhe quer;

Mulher quer mais que um instante...

Também sabe ser amante

Sem deixar de ser mulher;

Ela quer ser a escolhida;

Aceita ser possuída,

Mas também quer possuir.

Quer quem lhe faça sorrir

E chorar sob medida,

Sabe, enfim, o que ela quer?

Quem lhe faça de mulher...

Mulher pro resto da vida!

Homem:

- Mas tem mulher que deseja

Um marido submisso

E quando consegue isso

Não sabe mais o que quer...

Exige então que ele seja

Um Dom Juan exclusivo,

Quase um Apolo cativo,

Domando o corvo insurgente

Com sua fiel serpente;

Sempre ali, tão serviçal.

E os anos que lhe consomem

Um dia farão seu homem

Provar o que vem depois.

Quando chegar esse dia,

A cama estará vazia,

Embora se deitem dois...

Mulher:

- A meu ver isso acontece

Sempre que o casal esquece

Que viver é dizer sim!

Homem:

- Já eu vejo isso assim:

Amor exige união...

Prazer exige tesão...

E tudo um dia tem fim!

São Paulo, 17 de agosto de 2013 – 21h46