Do encantamento. Da cumplicidade. Das almas compartilhadas. Das mãos tocadas e dedos entrelaçados. Dos leves sorrisos. Das altas gargalhadas. Daquele singelo amor. Dos beijos românticos perante o luar. Dos sussurros orgásticos acompanhados do hálito morno. Das primeiras carícias. Dos olhos entreabertos. Da luxúria entre quatro paredes... Das bocas molhadas e seus gemidos. Dos corpos suados, marcados por unhas e dentes. Daquele sexo selvagem que fazia da dor um prazer. Das palavras ditas sem razão. Das promessas de paixão eterna. Dos encantos que ainda nos prendia. Da vida que seguia. Da rotina que nos perseguia. Das línguas secando. Dos lábios esquecidos. Do amor arrefecendo e do desejo que não mais gritava. Das palavras que foram silenciando. Das primeiras palavras de adeus. Das últimas palavras e do silêncio que ficou. Do início da saudade, do céu negro, noites turvas sem lua. Dos corpos e suas lembranças. O corpo que se foi e o desejo ainda plantado no coração. Das lágrimas na solidão. Da cama vazia. Do quarto calado. Dos gemidos e promessas esquecidas. Lembrar-me-ei de esquecer. Serei juiz e réu no embate entre a razão e o coração. O futuro e a vida aguardam o veredicto. É o momento de não lembrar o que foi escrito. Eis que é chegada a hora de esquecer as lembranças de um amor.