Beija-flor
(Edir Pina de Barros)
Ai! Não me olhes feito um beija-flor
Que mira a rosa rubra e acetinada
Por lágrimas da noite vicejada,
Soltando pelos ares seu olor,
A rubra rosa, a deusa em seu andor –
Com tintas da poesia matizada
Por néctar dos deuses, contemplada,
Airosa e sedutora em seu dulçor!
Ai, não me olhes, não, que eu despetalo,
(embora te deseje, eu não falo),
Por conta desse olhar, oh, meu amado!
Não vês que toda a vez eu me estremeço
Com teu olhar que olha-me do avesso,
A prometer-me o beijo não me dado?