A efervescência dos corações gelados
Na velocidade do tempo que já nem espera mais a sutileza
Dos acontecimentos em cascatas, das perspectivas mortas,
Dos adornos, dos lamentos, dos tormentos sem causas.
Os corações gelados no escuro respirando a solidão
Cantorias mortíferas,
Desígnios rasos,
E devaneios fecundos.
Alargam as amarras que prendem o ego.
Uma guerra incapaz de coroar um vencedor.
Essa guerra contra o tempo e sua evolução,
Contra o mundo e sua disjunção, contra os verbos seguir,
Adorar, odiar, louvar. Contra uma nova barbárie de valores
Que se aproxima a toda velocidade em sua cavalaria sombria.
Não a chance de sentir medo. O medo petrifica a alma
E congela as ações definitivas.
Os corações amedrontados lacrimejando desesperos,
Acumulando dores,
Regurgitando vontade,
Necessitando viver,
Um viver de verdade sem saltar a todo instante neste
Congelado mar de dúvidas e sensibilidade.
A necessidade de viver como uma pedra em tempos
Tão abruptos que chega a barrar uma ligeira vontade
De dançar a música que tantas vezes toca.
A necessidade de um silêncio tão valioso
Quanto o maior tesouro jamais encontrado.
A necessidade de um descanso, de uma parada,
De um suspiro pouco mais prolongado.
A vida anda tão depressa ultimamente.