Cissa de Oliveira
eu sempre soube que não há nada
capaz de impedir os pingos da chuva
no seu inconfessável segredo de onda
que as pedras rolam sem saber
se elas são pedras ou se são asas de gaivotas
passeando a memória
que os dedos do vento
incolores como um certo olhar
desenham rosas de sal nas praias
que os poemas estão por toda parte
na ânsia de serem as poesias
dos papéis em branco
eu podia escrever um poema podia
nessa tarde silenciosa de pingos
e de pedras riscando as encostas
ou ficar aqui conjeturando
com os botões ainda miúdos
das flores da varanda:
¿Quien es Pablo? Porque isso
la isso eu juro
sem que ao menos me perguntem
no sé.