Por que viveis, meninas, pelas ruas,
Quais mariposas abanando as asas,
Expondo às feras vossas formas nuas
Se devíeis estar em vossas casas?
E por que vós estais pelas cafuas
Meninos das ralés e dessas vasas
Que vos mostram da vida as faces cruas,
Da morte – o fogo, as crepitantes brasas?
Por que, se vós devíeis, nas escolas,
Estar buscando do saber a glória,
Contentam-vos apenas as esmolas?
– É que quando fizeram-se as partilhas
Nada sobrou pra nós pobres da escória,
Ficou tudo entre os membros das quadrilhas...