Desnudar
“A calma é o último suspiro da poesia” (1)
Quando o silêncio se agita,
conduzido pelos magos dos sons,
faz tudo virar música,
ouço magia e perfeição.
¿Mas, para aonde vai a poesia
depois da rima final?
¿Quem a vai guardar, como hei de a registrar?
¿Para aonde ela vai depois que ouço tua oração,
tua súplica?
Depois que o silêncio se aquieta
e o ar para de vibrar.
¿Hein, para aonde a poesia vai?
¿vagueia... vagueia...
ou se esvai... se esvai?
Não, apenas passeia.
Circum-navega.
Sem rumo, sem norte,
a procura de um cruzeiro,
em uma nau sem leme,
sem que se reme,
em busca do aportar,
em busca de novos versos,
de outros pensamentos,
tal qual quem deve a vida aos ventos,
revirando a mente,
buscando encontrar palavras que rimem,
com a ideia, com a mensagem,
contigo,
pois tu és diferente.
Destarte rogo aos céus:
que me venha a Deusa Inspiração.
Doo-me a ela e se for preciso
que use minha carne, sangue e alma como seu alimento,
amenize-me a espera, alivie-me este peso,
revire-me, ponha-me ao avesso
e desnude, desnude o meu coração,
o qual está aqui neste cais,
a espera, a espera do embarque,
do embarque na falua
PAZ.
11/06/2000
Ao ouvir-te sopro sonoro, há renovo.
Brota inspiração nos dedos d'alma;
transcrevendo sonhos
restaurando sentires...
Há um silêncio que fala e afaga.
A poesia exala aroma adocicado,
fruto colhido da safra do beijo d'alma.
(1) Vinicius de Moraes.
(imagens obtidas da internet)
