(foto Tereza Kleovoulano)
O Palhaço sem Circo
Recolheram as lonas;
desaterraram as vigas;
desbotaram as cores que torneavam o cartaz;
recolheram os bichos os devolvendo aos seus nichos;
entortaram os arames de aço onde teimava o passo audaz;
os trapézios esquecidos aflitos, trapezistas alados sem poder voar;
domador sem fera que não domou a mazela de não poder atuar;
picadeiros removidos,retorcidos, escondidos;
nem o mágico tornou com feitiço, visível a pláteia com gargalhadas no ar;
cheiro esquecido de pipoca com riso;
a maçã do amor já não adoça sem encontrar paladar;
a mulher de barba já se acompanha da navalha para se disfarçar;
o homem bala já não embala nenhum qualquer espantar;
destino malabarista que teimou em tropeçar;
os cachorros não mais saltitam demonstrando voraz treinar;
E o ser que crê que o riso nos liberta do tão vil penar, não desiste do desígnio de buscar o contentar, pueris sorrisos já vistos o impelem a continuar, no lúdico mundo bonito, o seu salutar lugar, mesmo sem circo erguido não mais sairá de lá, em meio ao mais curtido dom de dissimular,dom que esconde o pranto ao pretexto de outrem alegrar.
Minha singela ode aos palhaços protagonistas dos nossos mais pueris sonhares,salve!