Como pode o sol brilhar
com a chuva riscando o céu?
Despreocupadamente,
na correnteza de tenros anos
navega o barquinho de papel
De repente, chega aos trinta com disposição,
espantando a solidão querendo atracar
no porto das posições
Conquistar espaços, afirmar
marcar território, autenticar a firma
Num cartório uma aliança achar,
consumir preocupações
Anos trás trinta e cinco,
perder o saldo no balanço
dos cinco passados
rumo aos cinco futuros,
equilibrando-se na bicicleta das ilusões,
pedalando emoções
assobiando esquecimentos ao ritmo
de rain drops keep falling on my head
Sucessos e fracassos na coleção
Curvas e retas a encarar!
Visão em meio de névoas
redundantemente turvas
e aí, aparecem os quarenta
Oh céus! Clemência !
Que tarda os cinquenta e a previdência!
Querer agora prender o tempo
para da lembrança não fugir
o vestido efémero da Marilyn
voando na altura dos joelhos
A cavalgada das valquírias,
o gosto da sopa de fubá
com broto de cambuquira
Que se danem os deveres a cumprir!
Ainda a sonhar com a liberdade,
acordar com o som
dos balangandãs da Carmem
Gozar um prazer e de novo, acender o pavio
Vem comigo ficar barco, não virar navio
Amar um dia, vamos ler mais poesias